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Materialidade de auditoria

Atualizado: 24 de mai. de 2021

Durante o planejamento da auditoria a equipe precisa determinar qual será a materialidade que norteará toda a execução do trabalho.


A consideração da equipe de auditoria sobre materialidade exige julgamento profissional e considera a necessidade que usuários (sócios, acionistas, fornecedores, credores, etc.) têm das demonstrações financeiras. A materialidade é o tamanho do erro ou omissão nas demonstrações financeiras ou nas divulgações relacionadas que o auditor acredita tornar provável que o julgamento de um dos usuários das demonstrações financeiras possam ser influenciadas na tomada de decisão. Os auditores são responsáveis por obter garantia razoável de que as demonstrações financeiras e divulgações relacionadas estão isentas de erros materiais, erros toleráveis e erros imateriais (os auditores não têm a obrigação de detectar erros imateriais).


De maneira geral, durante o planejamento de uma auditoria, a equipe deve fazer e documentar a avaliação da materialidade para as demonstrações financeiras tomadas como um todo os seguintes critérios:

  • determinar a extensão e natureza de procedimentos da avaliação de risco;

  • identificar e avaliar os riscos de erro material;

  • determinar a natureza, época e extensão de outros procedimentos de auditoria.

A materialidade é determinada pela aplicação de uma porcentagem a um benchmark escolhido. Exemplos de benchmarks são receitas totais, ativos totais, fluxos de caixa e lucros antes dos impostos. Um fator que poderá determinar qual será o melhor benchmark é o auditor buscar o entendimento sobre o controle interno e quais são os principais indicadores de desempenho da Companhia. Esse é um caminho para ajudar o auditor a determinar o melhor benchmark.


Benchmarks de materialidade são medidas relevantes aos usuários (especialmente investidores e credores) de demonstrações financeiras. Em adição, benchmarks de materialidade são medidas relacionadas aos GAAP (princípios contábeis geralmente aceitos). O uso de medidas que não estejam relacionadas com os GAAP é muito raro, mesmo quando o usuário foca em determinadas métricas que seriam não apropriadas ao efetuar uma auditoria de demonstrações contábeis que não atendam aos GAAP.


Determinar uma Porcentagem de Medição Razoável


Depois que a equipe de auditoria seleciona o benchmark adequado, eles devem determinar uma porcentagem de medição razoável para aplicar ao benchmark. Novamente, isso exige julgamento profissional. O auditor deverá seguir a metodologia da firma para determinar os percentuais adequados. Ainda assim, muitos livros de auditoria fornecem exemplos de porcentagens de medição comumente utilizadas na prática.


Por exemplo:


Erro tolerável


Erro tolerável ou erro aceitável é uma estimativa do valor máximo do erro que uma equipe de auditoria pode aceitar em uma conta contábil ou grupo individual de contas contábeis relacionadas. É um valor inferior a materialidade. O erro tolerável deve ser definido como um valor que forneça à equipe de auditoria garantia razoável de que erros materiais, se houver, serão detectados.


Desenhar o teste de auditoria usando o erro tolerável ajuda a minimizar o risco de que erros de contas individuais ou grupos de contas resultem em um valor material.


O erro tolerável é inferior à materialidade de planejamento porque múltiplos erros inferiores à materialidade de planejamento podem existir e excederem a materialidade determinada. O conceito de erro tolerável também contempla uma “gordura” para erros que possam existir, mas continuarão não-detectados ou subestimados.


Além do erro tolerável, a equipe de auditoria também utiliza fatores qualitativos para determinar o escopo de procedimentos de auditoria e avaliar os resultados. Por exemplo, ao determinar itens para exame, a equipe de auditoria pode utilizar características qualitativas, como transações com uma parte relacionada, informações de uma fonte específica, contratos especiais ou transações não rotineiras. Além disso, a equipe de auditoria pode reduzir escopos abaixo do erro tolerável para tornar os procedimentos de auditoria menos previsíveis.


Algumas contas e itens de demonstração financeira têm mais risco do que outras e a equipe de auditoria pode responder ao risco identificado reduzindo o erro tolerável para tais áreas. Por exemplo, contas que exigem julgamento considerável que podem incluir provisão para devedores duvidosos e contas tipicamente utilizadas para esconder fraudes, que podem incluir contas suspensas e de baixa ou de cancelamentos. As metodologias das firmas de auditoria estimulam as equipes de auditoria a utilizar um erro tolerável mais baixo em tais circunstâncias. Tais julgamentos devem ser documentados.


Durante a avaliação da evidência de auditoria, o erro tolerável ajuda a determinar a suficiência de evidências para atender a um determinado objetivo de auditoria. Por exemplo, quando a amostragem é utilizada, o erro tolerável ajuda a equipe de auditoria a determinar se a amostra atingiu o nível planejado de precisão.


Reavaliação da Materialidade


Normalmente, a auditoria é planejada antes do final do período e a equipe de auditoria determina a materialidade naquele momento. Devido a mudanças nas circunstâncias, os resultados reais da entidade de operações e posição financeira podem ser substancialmente diferentes ao que era esperado na data intermediária. O exemplo mais provável é quando uma entidade retira investimento de uma divisão significativa no final do ano e a entidade resultante é muito inferior a quando a materialidade do planejamento foi determinada. Em casos como esse, a avaliação da materialidade do planejamento também pode mudar e a equipe de auditoria deve considerar a revisão de sua avaliação. Esta reavaliação pode ajustar o escopo do teste, incluindo qualquer procedimento analítico, até a precisão adequada.


Circunstâncias que exigem a redução na materialidade do planejamento não são comuns. Não é necessário que a equipe de auditoria recalcule a materialidade do planejamento na conclusão da auditoria, exceto se houver as circunstâncias discutidas no parágrafo anterior. Se o tamanho relativo da entidade tenha se mantido sem grandes alterações, então não há necessidade de evidenciar este fato nos papéis de trabalho. O time de auditoria pode continuar a usar a materialidade de planejamento quando efetuar os procedimentos de conclusão de auditoria.


Referência


Camargo, R. D. C. C. P., & Alberton, L. (2015). A percepção dos usuários sobre materialidade: mapeamento e análise sistêmica da literatura. Contabilidade Vista & Revista, 26(3), 1-24.


DE CONTABILIDADE, C. F. (2009). NBC TA 320: Materialidade no Planejamento e na Execução de Auditoria.


Magalhães, S. A. M. (2010). Materialidade em auditoria: o problema da sua aplicação prática (Doctoral dissertation).


Rodrigues, L. P. (2016). Impacto da divulgação da materialidade de auditoria: um estudo experimental.


Vasconcelos, A. F. D. (2015). Influência do julgamento ético, lócus de controle, clima ético organizacional e materialidade do delito sobre as intenções de Whistleblowing dos auditores internos no Brasil.














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